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Ulver @ Lido, Berlin 04/02/2014 (Edição especial – Post 1300)

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Senhores, chegamos ao post de número 1300! É pouco IB na vida dos irmões, tá-que-o-pariu. Para celebrar, vai uma resenha mais que especial e exclusiva para o IB feita pelo meu kamerad Pedro, do I Buried Paul, sobre o show do Ulver que rolou essa semana em Berlin.

Ulver @ Lido, Berlin 04/02/2014

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Depois de ter perdido o Ulver em terras germânicas duas vezes por motivos de: Vacila$$aum, dessa vez que anunciaram o show deles em Berlin não ia perder de jeito nenhum. Tava com grana pra isso e não ia precisar viajar pra outra cidade e ter que dormir na estação no meio do inverno. Jogo ganho.

Quinta-feira, temperatura mais agradável do que nas últimas semanas (aprazíveis 7 graus positivos contra os -15 de poucos dias antes) lá fomos nós dar um salve pro Garm & cia. Já estava bem ansioso porque no Facebook eles disseram que essa mini-tour européia ia ser “parte material antigo e parte improvisação” – parecia bem interessante. Eu sabia também que dificilmente rolaria algo da fase BM deles, pro choro livre dos zé truzera de plantão. O que eu mais curto no Ulver é que eles tão pouco se fodendo pra “fanbase” – eles lançam o que dá na telha e a sociedade que lide com isso, seja ambient, psicodelia dos anos 60 ou concertos para a juventude com orquestra de câmara. Sucesso absoluto.

Em relação ao pico, o legal do Lido é que é uma casa de shows bem pequena em Friedrichshain, com um palco numa altura razoável e uma espécie de “arquibancada” na lateral esquerda. Esse último é fundamental pra mim e principalmente pra Luiza, porque não somos assim o que você pode chamar de abençoados pela altura (1,70m e 1,55m, respectivamente); e a Luiza ainda deve ter ganho uma macumba na encruzilhada, porque em todo santo show o Viking mais alto no rolet resolve se prostrar na frente dela. Enfim, divago, de volta ao show: chegando lá, entramos mas a porta que dava pro palco tava fechada e o cara do merch disse que a banda tava tendo muitos problemas de som. Ainda dava pra ouvir eles fazendo um soundcheck meio largado, mas ainda assim tavam mandando “Nowhere/Catastrophe” o que já fez esse coraçãozinho bater mais forte – eu já escutei tanto o Perdition City que devo saber todos os barulhinhos de cor. Bom, deixei uns Euros ali de boa pro Garm tomar umas, mas me segurei pra não gastar a grana do mês com vinil. Só fiquei decepcionado porque tinha pouco material do Ulver e mais material de projetos paralelos (na real me arrependi de não ter fisgado um vinil do Æthenor).

Abertas as portas, palco montado e tava tudo relativamente vazio. Luiza me lembrou depois que o Mogwai tava tocando em Berlin na mesma noite, então muito provavelmente uma parcela do público escolheu pagar mais caro pra ver os escoceses. Melhor pra nós, chato pra banda. Mas enfim, depois o pico encheu legal e o show começou… e ae, cara dona-de-casa, o negócio foi forte. Eu não sei o nome de todo mundo na banda, mas o line-up dos caras consiste, além do Garm atacando de DJ com uns samples e uns synths estranhos, de mais um DJ mandando um samples, um tecladista, um percussionista, um batera e o fdp do Daniel O’Sullivan tocando guitarra e baixo. O show abriu com uma improvisação meio krautrock, com projeções de “2001” do Kubrick ao fundo e tudo foi evoluindo e se desenvolvendo até cair em “England”, do Wars of The Roses. Quando o Garm começou a cantar foi foda. Eu não acreditava que ele tivesse aquela voz toda ao vivo e quebrei a cara, porque meus amigos, é tudo aquilo mesmo. O mais louco é que ele não parece nem um pouco alguém que: 1) toca no Ulver 2) é Norueguês e 3) tem aquela voz de cantor de musical da Broadway. Se você tromba o cara na rua ele parece mais aquele teu bróder paulistano tatuador/grafiteiro que manja fazer uma picanha ao molho funghi e roquefort pros amigos no fim de semana.

O show foi bem variado, intercalando sons mais antigos (rolou uma versão desconstruída de “Little Blue Bird” do Quick Fix of Melancholy que foi de chorar), longas sessões de improvisação hora mais ambient e hora mais metal, e alguns sons do último play “Messe”. As projeções eram do caralho também: nas partes mais “cinematográficas” e instrumentais os visuais eram sobreposições de filmes antigos (me lembro de ver cenas de 2001 e de Holy Mountain, o que foi bem engraçado). No fim das contas, o show foi uma tradução perfeita do porquê eu acho o Ulver uma das bandas mais criativas e musicalmente interessantes dos últimos tempos (e especialmente a habitar o microuniverso do “metal norueguês”, o que quer que isso seja): é impossível definir o som dos caras. A parada toda é mezzo glitch, mezzo rock psicodélico; mezzo trilha de filme estranho e mezzo margherita. Tudo isso em 1h15 de show.

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A única parada que me deixou intrigado – principalmente sabendo que eles tavam sofrendo com som ruim – foi que o tempo todo o Garm não me parecia muito satisfeito ou seguro. Uma das parafernálias que ele usava no palco tinha nitidamente um botão de “tap-tempo” e ele ficava constantemente ajustando o bpm da porra toda, e em trechos específicos ele andava pelo palco com cara de preocupado e conversando com os outros músicos. A impressão foi, o tempo todo, que ele não estava ouvindo porra nenhuma. Isso foi confirmado quando eles voltaram pro encore depois de fechar o set com Nowhere/Catastrophe (que foi muito mais intensa do que no soundcheck): uma improvisação de uns 10 minutos que muito provavelmente ia culminar em um som conhecido, mas que a banda resolveu cortar no meio, restando ao Garm agradecer a platéia e deixar o palco. O O’Sullivan tava se preparando pra entrar com um riff e ficou lá com cara de pergunta, desistiu e desligou os equipos também. Podia ter durado mais umas três horas, sem problema.

Que venha o próximo.

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